11 de ago. de 2008

José SIlvério - A emoção do futebol através da voz


Reprodução da entrevista concedida pelo maior narrador esportivo do Brasil, José Silvério ao portal IG.


José SIlvério - A emoção do futebol através da voz


José Silvério conta qual é a narração mais marcante em toda a sua carreira e por que não usa bordões nas transmissões

Priscilla Ralston


Um dos principais narradores esportivos do país do futebol. Com 72 anos de idade, ele continua soltando a sua voz e, para nossa alegria, dá emoção ao futebol há 45 anos. José Silvério já faz parte da história do futebol brasileiro.


iG: Tem alguma narração histórica, que ficou gravada na sua memória como especial?


José Silvério: Tenho muitas. Eu sempre digo que toda narração tem alguma história. De uma forma geral, nunca é igual. A não ser aqueles jogos que são meio enfadonhos, que o tempo demora para passar, de uma forma geral sempre tem algo novo. Em 45 anos, tem muitas coisas.Por exemplo, em 1977, teve o famoso jogo em que o Corinthians foi campeão contra a Ponte Preta. Em São Paulo só se falava nisso. Foi logo depois que eu fiquei como locutor titular da Jovem Pan. Então somou: eu passei a ser o principal locutor na rádio e o Corinthians foi campeão. Esse jogo foi muito importante para mim. Até hoje recebo correspondência falando daquele jogo. Tem gente que me manda copias de CDs e montagens daquele dia.


iG: Você não é muito de bordões, certo?


José Silvério: Eu praticamente não tenho bordão. Tem algumas coisas que eu criei, que disse em algum momento; mas não bordões, não são importantes para mim. Eu sempre achei que locução de futebol é uma coisa do momento. O que passou no domingo pode ser diferente no jogo que passou na quarta-feira. A história do jogo para mim é diferente. Então eu sempre pautei a minha conduta pelo momento atual.


iG: Você é torcedor do Vasco, não?


José Silvério: Na verdade quando eu era menininho era Vasco. Tem momentos que torço, mas não sou "torcedoooor". Até porque acho que seria uma traição da minha parte torcer para alguém. O torcedor não merece.


iG: Você jogava futebol?


José Silvério: Eu joguei mais futebol de salão, até os 45 anos. Teve um torneio interno da Jovem Pan e eu joguei com um dedo da mão quebrado, marquei um gol e fomos campeões. Daí eu falei: 45 anos e com a mão quebrada, chega! E nunca mais joguei.


iG: Como prepara a garganta para gritar aquele "goooooool" esticado?


José Silvério: Preparação especial não tem. Mas sou um cara que vivo me preparando: durmo cedo, não bebo e não fumo. Tenho uma saúde muito boa. Não tenho nenhuma doença de velho e não tenho problema de garganta também não.


iG: Você tem alguma idéia de quantas vezes gritou "gol"?


José Silvério: Domingo passado estávamos brincando na transmissão e alguém perguntou. Não deu para fazer uma conta, mas sugeri uma media de 50 jogos por ano (tem gente que acha que foi mais, mas eu até acho que foi menos), mas digamos dois ou três gols por jogo, da para ter uma idéia... Mas muito por cima.


iG: Você não vai para os Jogos Olímpicos de Pequim?


José Silvério: Não, o Campeonato Brasileiro segue aqui e isso é importante para nós.


iG: Você tem alguma expectativa em relação à Seleção Brasileira para esta Olimpíada?


José Silvério: Eu até estava pensando isso hoje de manhã, lendo o jornal. Mas eu confesso que nem me liguei. Fiquei nessa confusão de libera-não-libera jogador, se o Ronaldinho Gaúcho vai ou não entrar em forma... Aliás, o futebol da Olimpíada só vai despertar a gente quando a Seleção começar jogando bem.


iG: O que você acha dessa polêmica em torno da vida pessoal e do peso de alguns jogadores internacionais?


José Silvério: Por princípios não me envolvo em nada pessoal do jogador. Mas o que ando vendo é que os jogadores estão exagerando, não no que eles fazem, mas ao deixar que as pessoas percebam o que fazem. Eles não estão conseguindo separar a vida profissional da pessoal. Acho que esta faltando um pouco mais de vontade de participar profissionalmente. Deveriam deixar de lado as badalações e cuidar da vida profissional. É uma passagem muito rápida, e, pelo dinheiro que eles ganham hoje, terão tempo de curtir a vida depois. A imagem deles está sendo muito atingida. Hoje em dia esses jogadores só são ídolos das pessoas alienadas, as pessoas sérias estão deixando de ter respeito por eles. Isso é um assunto muito sério, é difícil falar da vida de qualquer um. Todos têm o direito de ter a vida que quiserem.


iG: Vamos brincar de técnico, qual é a sua Seleção?


José Silvério: Seleção é uma coisa de momento. Os jogadores mudam muito de comportamento. O Brasil está passando por um momento em que os jogadores deixaram de ser tão importantes porque tem muito jogador no mesmo nível. Já não temos aquele jogador que “sem ele a Seleção não vai”. A minha experiência de 2006, na Alemanha - quando o Brasil tinha jogadores excepcionais e na hora H deram para trás – me fez pensar que entramos em uma fase que o jogador deixa de ser importante como antigamente. O coletivo é mais importante que o lado individual.


iG: Qual o seu herói favorito?


José Silvério: Eu sou meio utópico. Gosto das coisas de sonhos, que não existem, amores impossíveis, Super-Homem, Batman... Os que fazem coisas fora do normal. Ou então, todos os homens que trabalharam fazendo grandes descobertas para a humanidade, como os grandes médicos e cientistas.


iG: Você usa a internet para...


José Silvério: Para tudo. Consulto o noticiário, e-mails... Não diria que sou titulado em internet, mas muitos dos comentários que eu faço, gravo no meu laptop e envio.


iG: Qual o último CD que você comprou?


José Silvério: Eu compro CD toda semana. O último foi o da Rosa Passos, uma cantora bahiana.


iG: E o último filme que você viu?


José Silvério: Foi o "Batman – O Cavaleiro das Trevas". Curti muito.


4 comentários:

João Paulo Tozo disse...

O Pai do Gol é ídolo. A próxima entrevista dele que aparecer por aqui será concedida especialmante para o FFC. Assim espero e assim eu sonho ;)

Anônimo disse...

O Zé do gol é gênio antes de qualquer coisa, O Melhor.

Fábio B. A. disse...

O Pai do Gol sabe tudo... ele, Mauro beting e eu somos uns poucos que compramos CDs ainda...

É mestre!

Anônimo disse...

Zé Silvério, Mauro Beting, Fábio Brasolin e João Paulo Tozo são dos últimos a comprar cd´s.

comprei o HAARP do Muse sexta-feira.

grato!