30 de out. de 2008

No Japão, vitória dá título a Senna.

Há exatos 20 anos...


FRANCISCO LUZ
de Novo Hamburgo

Ayrton Senna da Silva transformou a madrugada de domingo (30) em dia de festa no Brasil. O piloto de 28 anos, no seu quinto ano como piloto de F-1, conquistou pela primeira vez o título mundial ao vencer o GP do Japão, em Suzuka, de forma incrível, superando um problema na largada e seu adversário e colega de McLaren Alain Prost para receber a bandeirada na frente.

O resultado da corrida, que decidiu o campeonato a favor de Senna, manteve a hegemonia do Brasil na década de 80 na F-1. Depois dos três títulos de Nelson Piquet, em 1981, 83 e 87, Ayrton conquistou o sexto Mundial de Pilotos para o país na história do esporte — Emerson Fittipaldi ganhou em 1972 e 74.

E a vitória de Senna foi marcante. Quem olhar os dados da corrida no futuro pensará que se tratou de algo fácil, até quase banal: pole-position, melhor volta e uma vantagem de 13 segundos após as 51 voltas.
Mas não foi nada disso.
Após a volta de apresentação, com os carros alinhados no grid, dois braços começam a agitar-se freneticamente. Eles vêm da McLaren MP4-4, justamente a do pole Senna, que deixou o motor morrer instantes antes da luz verde aparecer.

Azar do brasileiro. No tranco, seu carro só pegou depois de duas tentativas, e após os demais concorrentes partirem. Ayrton completou a primeira curva de Suzuka na 14ª colocação. Enquanto isso, Alain Prost, seu rival na luta pelo título, ia sozinho na frente.
Senna, entretanto, não se rendeu. Mesmo tendo admitido após a corrida que achava que "tudo tinha acabado", o paulistano começou a buscar cada carro que ia à sua frente, e terminou o giro inicial já em oitavo.

Duas voltas depois, Ayrton já era o quarto, atrás também de Ivan Capelli e Gerhard Berger, que faziam um belo duelo pela segunda posição. Prost liderava com boa margem.

A situação virou a favor de Senna a partir da 14ª passagem. Primeiro, uma garoa começou a cair em trechos dos 5.859 km de Suzuka, condição em que sempre se sobressaiu. Depois, Capelli encostou em Prost e chegou até mesmo a liderar, ainda que por apenas alguns metros — a primeira vez em quatro anos que um carro com motor aspirado assumia a ponta de uma corrida.

Com Berger já para trás, o brasileiro começou a se aproximar da dupla que brigava pela liderança, até que o italiano da March precisou abandonar devido a um problema elétrico. A disputa pela vitória — e pelo campeonato — passou a envolver justamente os protagonistas da temporada.E Senna levou a melhor. Consumando a recuperação na corrida, e contando com um problema de câmbio de Prost, Ayrton se aproveitou da presença de retardatários para, no início da 27ª volta, deixar o francês para trás e não ser mais ameçado na liderança da corrida pelas próximas 24 passagens.


E assim foi. Depois de Uma hora, 33 minutos, 26 segundos e 173 milésimos, Ayrton Senna da Silva recebeu a bandeira quadriculada na primeira posição do GP do Japão. Bandeira que simbolizou a conquista do título mundial com uma etapa de antecipação, não dando mais chances a Prost de tirar a diferença de três pontos.

Título, aliás, ganho na batalha entre o ímpeto e a regularidade. Somados todos os pontos das 15 corridas disputadas até agora, Prost tem 96, contra 88 de Ayrton. Porém, o francês teve descartados dois segundos lugares, perdendo 12 pontos, enquanto o brasileiro só teve retirado um ponto.

A classificação aponta Senna com 87 e Prost com 84. Na Austrália, o "Professor" só pode se igualar à pontuação do seu colega de McLaren, mas será derrotado nos critérios, pois terá uma vitória a menos caso vença a prova em Adelaide — já que o segundo lugar de Suzuka também será descontado.

Senna, por sua vez, perderá no máximo mais três pontos, e apenas caso consiga terminar a última etapa do ano acima do quarto lugar — o que automaticamente recupera sua pontuação atual.

O brasileiro foi beneficiado pelos três abandonos e uma sexta posição, que fizeram com que não fosse prejudicado pelos descartes, enquanto Prost foi sempre primeiro ou segundo em todas as corridas que terminou.

Ah, e sobre a prova: Thierry Boutsen superou Berger e levou a Benetton ao terceiro lugar, conquistando seu segundo pódio no ano e chegando ao quarto posto no Mundial. O austríaco da Ferrari foi o quarto colocado, enquanto Alessandro Nannini e Riccardo Patrese completaram a zona de pontos.




FINAL:



Fonte:http://ultimosegundo.ig.com.br/paginas/grandepremio/materias/502001-502500/502047/502047_1.html

Um comentário:

Anônimo disse...

Caralho, olha esse grid! Melhor fase da F1 em todos os tempos.