Da mesma maneira que água e óleo não se misturam, futebol e religião deveriam ser assuntos jamais colocados na mesma mesa de discussões.
O que pretende alguém que pede antes de alguma partida, que Deus ajude a sua equipe em detrimento da equipe rival? Deus deve ajudar um e prejudicar outro? Mas como se são todos filhos Dele?
No futebol, infelizmente não é necessária muita coisa para que aconteçam conflitos entre torcedores. No Brasil a mistura de futebol e religião ainda não causou grandes ebulições entre torcedores. Os motivos que os levam a se estapear são geralmente menos “nobres”.
Mas em muitos locais no planeta isso ocorre. A enorme rivalidade escocesa entre Celtic e Rangers é alimentada, sobretudo, pela divisão entre católicos e protestantes, alavancada pela intolerância religiosa entre as partes.
Futebol por si só já é efervescente. Não precisa que seja misturada a sua essência um tempero extra tão ou mais explosivo.
O atual time do Santos encanta os apaixonados pelo futebol vistoso, de técnica, de vocação ofensiva. Encanta a todos, sejam santistas ou corintianos, palmeirenses ou são paulinos. Sejam católicos, sejam protestantes, evangélicos, da umbanda, kardecistas ou de qualquer outra linhagem religiosa.
Afinal, o Santos existe e joga para o santista, para o futebolista como um todo e não para o santista e futebolista de determinada crença religiosa.
A caridade é um ato de amor. É a demonstração máxima do desprendimento em relação a dogmas, a valores mundanos e é a chance de muitos para que seja colocada em prática o que muitas vezes é apenas dito da boca para fora.
O Lar Espírita Mensageiros da Luz cuida de pessoas com paralisia cerebral. Faz um trabalho de caridade estupendo, que independente de ser vinculado ao espiritismo, prega a caridade, prega o amor. Amor que é a base de toda religião, ou não? Certamente não é a intolerância.
O Santos FC, em uma ação de brilho, doou 600 ovos de páscoa para essa benéfica entidade. Esses ovos serão vendidos nas lojas do clube e a arrecadação ira para a instituição.
Mais do que isso, a simples presença de ídolos e/ou candidatos a ídolos, já faz uma diferença brutal para essas pessoas que estão presas as suas limitações físicas. Para quem pratica essa caridade, o engrandecimento moral e humano é incomparável.
Palmas e louvores para Felipe, Wladimir, Edu Dracena, Zé Eduardo, Arouca, Pará, Gil, Maikon Leite, Breitner, Zezinho, Wesley, o técnico Dorival Jr e demais membros da diretoria presentes.
Vaias e lamentos para Neymar, Robinho, Ganso, Fábio Costa, Madson, Léo, André. E, apesar de não ter se prestado ao papelão de ir e não entrar no local, vaias e lamentos também para Roberto Brum, que vive mais de pregação do que de futebol. Acreditasse mesmo no que diz e não teria feito o que deixou de fazer.
Não entraram pois a entidade é ligada a uma religião diferente da deles. Fosse uma casa de homossexuais e não teriam entrado também? Que culpa tem aquelas pessoas tão cheias de dificuldades na vida? A diferença na crença torna alguém menor? Só mesmo na cabeça de alguém com cérebro de amendoim.
Não é uma questão religiosa,muito menos clubistica. É muito maior do que isso. É humano.
Se eles são “ídolos” é porque um dom lhes foi dado. Um dom que infelizmente aquelas pessoas com paralisia cerebral não receberam.
Fizeram um mal para aquelas pessoas, que vai se saber o quanto aguardavam pelo contato com os ídolos. Fizeram um mal para si próprios, pois saíram do episódio diminuídos como seres humanos, com um moral do tamanho de um amendoim. Mas prejudicaram também a instituição que dá a eles a chance de serem ídolos, pois se a intolerância religiosa deles foi capaz de provocar uma atitude imbecil como essa, não será nada estranho se parte dos que se encantaram com esse time santista até então, passem a olhá-los com outros olhos. A intolerância aparece de diferentes maneiras.
Disse ontem o lúcido presidente do Santos no Programa Mesa Redonda, que esses jogadores já estavam revendo seus conceitos e possivelmente iriam corrigir o erro.
Isso acontecendo, da mesma maneira que espinafro aqui a lamentável atitude deles, voltarei para engrandecê-los. Até porque, que atire a 1ª pedra quem nunca errou. Somos humanos, todos. De direitos e deveres iguais, independente da crença religiosa, do time para qual torce, de ter limitações físicas, mentais, morais ou de qualquer outro tipo.
PS: Não sou ateu, mas não sigo nenhuma religião. Não sou santista, sou palmeirense. Mas antes de qualquer coisa, sou humano. A abordagem foi meramente na questão humana. Não procure pêlo em ovo, você não vai achar.
5 de abr. de 2010
Chazinho de Coca - A intolerância que empobrece o futebol.
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4 comentários:
Só espero que esses mulekes do Santos saibam que essas coisas voltam!
independente de religiao, frescura, petulancia e/ou soberba, aqui se faz, aqui se paga!
Se o Santos perder essse campeonato vou dar muita risada!
Cara, fiquei indignado quando vi isso na TV... um absurdo.... Parece que os envolvidos tem uma noz no lugar do cérebro.
robinho é pessimo.....o resto foi no embalo....palmas para os que entraram....
Tava pensando aqui com os meus botões, este episódio, junto com aquela declaração do Bruno (goleiro do Flamengo), os episódios do Adriano e do Vágner Love nos morros cariocas, e tantos outros casos, refletem um pouco como pensam e agem boa parte do povo brasileiro, principalmente os mais pobres culturalmente. A verdade é que boa parte dos jogadores de futebol, assim como boa parte dos "artistas", não servem como exemplo de vida.
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