7 de abr. de 2009

Blog do Cosme Rimoli em dois tempos.

Adriano pode ir para uma clínica de reabilitação

Parecia indisciplina, farra, desleixo com a carreira.

Tédio com os milhões de euros guardados e os milhares recebidos religiosamente.
Mas o problema de Adriano se mostrou muito mais sério do que as pessoas próximas imaginavam.

Ou não queriam ver.

"O Adriano é uma pessoa meiga, simples, educada.O que ele está fazendo não é indisciplina.Não está aprontando contra a entidade Inter de Milão.Está fazendo contra ele.Chegou a hora dele ser cuidado."

As frases são de Carlos Alberto Parreira....

...continua (a coluna é longa, mas vale a pena conferir):
http://blogdocosmerimoli.blog.uol.com.br/arch2009-04-05_2009-04-11.html

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Guará: os bastidores da queda de um clube empresa

11/2/2008
"Nosso time tem a mentalidade empresarial. Nossa folha de pagamento é de R$ 300 mil.

Recebemos R$ 1,2 milhão para disputar o Paulista. Visamos o lucro com o futebol.

Nossa organização de uma empresa faz com que pensemos em comprar um clube europeu.

É mais do que possível. Basta continuarmos trabalhando da maneira empresarial.

Vamos buscar esse clube europeu, sim."

6/04/2009

"Peguei o meu carro fiquei rodando, desnortado pela cidade.

Foram umas duas horas após o jogo.

Dirigia e chorava.

Fiquei dando voltas pelo estádio.

Só dormir, as 5h30, quando não tinha mais lágrimas.

Só sofri assim com a morte do meu pai."

As declarações são da mesma pessoa, Carlos Arini, presidente do Guaratinguetá, rebaixado ontem para a Série A2.

Em pouco mais de um ano, Carlito sentiu na pele que não basta ter dinheiro, planejamento, pagar salário em dia.

Ter sete patrocinadores.

Fazer pré-temporada em Jarinu, onde o Internacional queria fazer a sua.

Duas inter-temporadas no luxuoso e caro hotel Bourbon, em Atibaia, local frequentado pelo Palmeiras.

Nada disso valeu.

O futebol exige mais e não tolera erros.

E costuma cobrar caro.

Carlito, explique o rebaixamento do Guará, que era apresentado com um exemplo de modernidade...

Era, não. É. Mas dentro de um conjunto de erros que cometemos, o que determinou a queda do Guara foi um só: a falta de fome.

Os jogadores, os treinadores. Ninguém pode reclamar de nada. Demos toda a infraestrutura, salário em dia.

Condições de trabalho. Faltou fome. Tiveram tudo do bom e do melhor.

Não há planejamento capaz de prever a falta de empenho, a falta de luta, de dar um pouco mais.
Amor à camisa não se compra.

Porque se tivesse para vender, nós tínhamos comprado e dado para vários jogadores que não tiveram vergonha na cara.

Vocês erraram na formação da equipe?

Nós buscamos jogadores experientes, vividos. Sabíamos que a competição iria ser dura.

O Paulista tem dois meses e meio. E tínhamos bem claro o peso que seria o rebaixamento.

Mantivemos a base, estávamos com o Argel como treinador.

Os resultados não vieram, o trocamos pelo Estevam Soares. Não esperávamos, mas ele nos abandonou, indo para o Barueri.

Trouxemos o Márcio Araújo. Três treinadores para um período de dois meses e meio foi terrível para o time.

Como foi o drama do dia do rebaixamento, o domingo?

Nós entramos em campo sabendo que a nossa chance, segundos matemáticos, era de 1% de rebaixamento.

Mas os jogadores sabiam disso. Precisávamos apenas empatar com o Oeste de Itápolis.

A partida era em casa. Eu reuniu as sete torcidas uniformizadas e acompanhei a partida na arquibancada, junto com eles.

Foi um sofrimento terrível.

Durante a partida, o gandula sabia que o time estava caindo e invadiu o campo, chorando, e chacoalhou o nosso goleiro Fernando.

Ele gritava: "Avisa o time que estamos caindo. Estamos caindo".

Alguns jogadores até deram a alma. Outros, não. Deu para perceber quem só estava usando a camisa do Guará para ganhar dinheiro.

Não conseguimos empatar. Foi uma tristeza. Torcedor chorando, se enrolando na bandeira.

E eu lá, desesperado, envergonhado.

O que você falou para os jogadores depois da partida?

Primeiro fui dar parabénsa ao árbitro Paulo César de Oliveira. Disse a ele que nós caímos por incompetência. Ele não nos prejudicou.

Com os jogadores eu fui duro. Falei que eles não tinham o direito de ter destruído uma história tão linda de dez anos de sonhos.

E deixei claro que sabia quem era quem. Que sabia que iriam mostrar lágrimas de crocodilo e depois iriam comer pizza e dormir com seu bagaço (sua amante, na linguagem do futebol).

Avisei também que vários deles nunca mais vestiriam a camisa do Guará. Quarta-feira eles vão saber quem não ficará mais no clube.

E os que forem dispensados não pensem em pedir referências. Se alguém estiver interessado neles e me telefonar perguntando quem é quem, eu vou falar a verdade.

Não vou mentir. Quem só pensa em dinheiro, que assuma isso. Todos sabem quem só pensou em dinheiro e não estava nem aí para o Guará.

E o treinador Márcio Araújo?

Esse foi homem. Ele trabalhou como um louco para o Guará não cair. Quando o time foi rebaixado, ele me chamou e foi direto.

Disse que não tinha coragem, condições psicológicas de continuar na cidade que o havia tratado como um rei.

O Márcio chorou demais comigo e disse que não queria ver a tristeza dos habitantes de Guaratinguetá.

Foi embora com dignidade.

E a Prefeitura de Guaratinguetá? Cobrou alguma coisa?

Não. Nem tem o direito. O dinheiro da prefeitura não chega no clube. É um princípio nosso, que somos donos do Guará. A prefeitura que invista em saúde, escola, estradas.

O dinheiro do Guará é nosso, dos sócios. Nós administramos nas horas boas, em que conseguimos vários acessos. E também administraremos agora, no rebaixamento.

Quais são as consequencias práticas do rebaixamento?

Além da dor? Além de ter de reconquistar a confiança do nosso torcedor, o amor próprio do cidadão de Guaratinguétá?

Sendo prático, em vez de R$ 1,2 milhão que a Federação Paulista dá aos times pequenos da Série A, vamos receber R$ 60 mil na Série A2 no próximo ano.

É duro, mas a vida vai seguir. Estamos na Copa do Brasil e vamos enfrentar o Atlético Mineiro na outra quarta-feira.

Depois virá a Série C do Brasileiro.

Fomos rebaixados, doeu, mas não estamos mortos. Vamos seguir com o trabalho, com os investidores, com a mentalidade de empresa.

Não deu certo, despede quem tem de despedir e segue o rumo.

E os planos para comprar um time europeu?

Toda empresa que sofre um revés precisa adiar seus planos de expansão.

Ainda queremos controlar um time europeu. Vamos fazer isso.

Com o rebaixamento o plano foi adiado. Só adiado.

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Fonte:
http://blogdocosmerimoli.blog.uol.com.br/arch2009-04-05_2009-04-11.html

Um comentário:

Fellipe disse...

O amor a camisa hoje em dia é dificil de se achar, o que acontece é o que ele disse dinheiro e mais dinheiro, que importa os torcedores que pagam muitas vezes igressos absurdos para assistir seu time do coração, utilizar do dinheiro que no final do mês pode fazer falta para ia ao estadio, mais não o que importa é ter o dinheiro no bolso e aparecer no globo esporte. Temos uma geração de jogadores vendidos.