23 de jul. de 2008

“Una Furtiva Lacrima” – Homenagem a Luiz Fernando Bindi.

Luiz Fernando Bindi, João Paulo T. B, Mauro Beting, Fábio B. A, Gustavo D. G e Rene C. (Festa do blog FFC - 04/07/08)




“Una Furtiva Lacrima” – Homenagem a Luiz Fernando Bindi.


Desde criancinha que vivo o futebol, amo esse esporte e admiro quem faz dele uma arte. Através dele e por ele, já chorei, sorri, briguei, perdi o amigo, mas não a piada. Futebol é isso.

O mesmo esporte que nos brinda com ídolos dos gramados, nos oferece a chance de admirar sujeitos que, ao invés de usar os pés para brilhar no esporte, usam o dom da palavra, o dom da teoria, o dom da análise, em cima daqueles, que com os pés, fazem todo esse conjunto de brilhos serem possíveis.

Uma dessas pessoas foi Luiz Fernando Bindi, um sujeito grande, mas acima de tudo, um grande sujeito. Geólogo, mas para o nosso bem, um apaixonado pelo futebol. Mais do que isso, uma enciclopédia ambulante. Difícil encontrar alguém que conheça tantos aspectos do futebol quanto ele. Conhecedor dos grandes duelos travados no Maracanã, em Wembley, mas também na Rua Javari e, possivelmente, no campo de várzea aí próximo a sua residência.

Humilde, Bindi sempre atendeu com a maior atenção possível os chamados, os pedidos de ajuda, as solicitações desse humilde blog.

Particularmente, tive o prazer de manter boas conversas com ele via MSN, até mesmo por telefone, como na ocasião em que liguei e o peguei a caminho do estádio Palestra Itália, no dia da decisão do último Campeonato Paulista e, com a maior cara de pau e com certo nervosismo, pedi para ele colaborar com um texto para minha coluna especial para o provável título do Palmeiras. Incrível, mas Bindi não só aceitou como escreveu um texto lindíssimo.

No último dia 04 de julho, tivemos o prazer de conhecê-lo pessoalmente e, para nos encher ainda mais de orgulho, foi exatamente na festa do nosso blog. Um dia único, memorável. Ao lado de Bindi e Mauro Beting, parecíamos crianças sem saber de que forma agradá-los. Besteira, pois foram eles quem nos agradaram e nos agraciaram com suas presenças.

Segundo o próprio Bindi me confidenciou, aquela era sua primeira balada. Para nos encher ainda mais de orgulho.

Nesta terça-feira, Bindi se foi e claro que a tristeza pelo ocorrido se faz presente, mas ao invés de lamentar a perda, quero exaltar a satisfação de ter tido contato com essa grande pessoa, com esse grande Luiz Fernando Bindi.

Em homenagem a ele, reproduzo abaixo o texto que ele escreveu para ilustrar e abrilhantar a minha coluna dedicada ao título do nosso Palmeiras.


Luiz Fernando Bindi:


“Una Furtiva Lacrima”


De repente, depois de muito tempo de luta, fui convidado para ser comentarista de rádio, um sonho de infância. Quando recebi a escala do meu jogo de estréia, era Palmeiras x Náutico. Todos me falaram: "se segura,hein", "não vai bajular o Palmeiras", "não critica muito pra parecer imparcial", enfim. Eram muitos os alertas.Quando entrei no Palestra Itália por alamedas em respirei quase 30 anos da minha vida, me senti em casa.

Lembranças da minha avó Wally, do meu avô Hernâni, dos meus pais. Nesse estádio, vi vitórias gloriosas como a Libertadores de 99 e o Paulista de 96. Vi tragédias italianas, como a derrota para o XV de Jaú em 85 e para o Vasco na Mercosul. Subi os 4 andares até a cabine da rádio a pé.

Entrei, coloquei os fones. E esqueci para que time eu torci um dia. E assim tem sido, de uma forma deliciosamente fácil. Já fiz vários jogos do Palmeiras e tratei o time de Palestra Itália da mesma forma que tratei os outros times. Nem mais, nem menos.

Hoje, fiz Palmeiras 5 x 0 Ponte Preta, minha primeira final. Não senti simplesmente nada, como torcedor. Nada. Estive tranqüilo durante toda a partida. Felizmente, para mim, sou mais jornalista que palmeirense. Amo mais o futebol que o Palmeiras.

Como diz meu mestre e amigo (não necessariamente nessa ordem) Mauro Beting, sou um palmeirense jornalista, não um jornalista palmeirense.

De repente, lá pelo fim do jogo, o técnico Wanderley Luxemburgo chama o goleiro Diego Cavalieri, reserva de Marcos. E substitui aquele que considero o melhor goleiro do Brasil em atividade por aquele que considero o futuro melhor goleiro do Brasil. Quando vi Marcão saindo de campo, em respeito aos ouvintes, afastei o fone do ouvido. E chorei uma lágrima. Uma furtiva lágrima.

5 comentários:

Fábio B. A. disse...

Muita tristeza pela perda. O homem vai, mas a memória fica... nada melhor para homenagear o Bindi do que ler os textos dele e lembrar os bons momentos que tivemos na festa!

Anônimo disse...

grande perda realmente.

Alexandre Anibal disse...

Eu olho para a frase "Morreu o Bindi" e ainda não consigo acreditar. Parece que estou de volta ao tempo que meu pai morreu, há 12 anos atrás. Desde a morte dele não ficava tão sentido por alguém que partiu.

Acho que vai demorar uns 5 dias pra ficha começar a cair.

Que dia triste. Que mês triste.

Reno Machado disse...

Pow, que noticia chata...

Patrícia Gomes disse...

Estou chocada ainda com a triste noticía, q de certa forma me recuso acreditar q seja realmente verdade. Penso nele diversas vezes ao dia, e só me vem coisas boas na cabeça. Guardo com imenso carinho sua alegria ao lançar seu livro em setembro de 2007, ali era um sonho q ele estava realizando. Obrigado mestre contigo aprendi muito. Fique com Deus meu querido amigo BINDI.