7 de jun. de 2010

Café com Leite: Das coincidências e coisas semelhantes

Texto: Beto Almeida
Foto: Lancenet!


            E o Todo-Poderoso foi ao Rio de Janeiro, a Cidade Maravilhosa, jogar contra o Botafogo, também conhecido como “Glorioso”, mais por conta das glórias passadas do que das recentes, ou seja, uma espécie de Santos carioca. Se o Peixe teve Pelé, o Glorioso teve Garrincha, um é atual campeão carioca, o outro atual campeão paulista, e ambos jogam pro gasto.
            O Corinthians entrou em campo com a mesma formação do jogo passado, que me parece a ideal pro momento, já que não podemos contar com Ronaldo, Chicão, Alessandro e Jorge Henrique. Tudo bem, nosso elenco é bom, tá sobrando boleiro no time. O Botafogo também entrou desfalcado de alguns jogadores, mas o que me preocupava era a presença de Herrera e Fábio Ferreira, ex-corintianos. Todo ex é um pé no saco, já disse Antonio Fagundes, na certa esses caras iam jogar com vontade redobrada contra o Timão, aquela coisa de afrontar uma paixão que nunca se esquece. É o futebol imitando a vida, que poético.
            E o jogo começou equilibrado, as defesas prevalecendo sobre os ataques, que não conseguiam chegar ao gol adversário. Até que aos 30 minutos Bruno César, o sósia do Tevez, abre o marcador para o Timão, com um golaço! Tá jogando muita bola o garoto, três gols em quatro jogos, semelhante ao astro argentino no futebol bonito e na cara feia. Isso aí Brunão, continua assim, a Fiel agradece.
            Aí foi só trocar passes até o final do primeiro tempo. O Botafogo até chegou a assustar com uma bola na trave, mas tudo bem. Fomos pro vestiário com a vantagem no placar, e aproveito a pausa pra comentar as possíveis saídas de Dentinho e Elias para a Europa depois da Copa. O time vai sentir demais a ausências desses dois craques. Parece que a intenção do Mano é substituí-los por Defederico e Paulinho. A verdade é que o argentino tá devendo e Paulinho ainda é uma incógnita, temos de ficar espertos pro segundo semestre. Então é aproveitar esses 40 dias de intervalo por causa da Copa e mandar ver nos treinamentos com esses dois aí, o Defederico joga muito e pode substituir o Dentinho à altura, o Paulinho pode se revelar craque. Vamos ver.
            Terminada a brilhante análise acima, voltamos ao segundo tempo da partida. Que começa com Defederico no lugar de Dentinho, que saiu machucado, e o Botafogo partindo pra cima, fazendo um gol logo aos dois minutos, igualando o score (nós corintianos gostamos de usar uma linguagem sofisticada de vez em quando).
            O gol deve ter assustado Mano Menezes, que resolveu tirar o Danilo, que não tava jogando nada mesmo, e colocar Paulinho pra reforçar a marcação. Pô, Mano! Você acha que o empate tá bom? Desse jeito vamos tomar mais um... E tomamos, num contra-ataque bem articulado dos alvinegros cariocas, virando o jogo pro lado deles.
            Aí o treinador corintiano se ligou que a vaca tava indo pro brejo e resolveu tirar o Ralf, que não era o mesmo dos últimos jogos, e pôr Tcheco em campo, pra ganhar mais movimentação e posse de bola. Mr. Joel Santana, técnico do Botafogo, resolve imitar o estilo gaúcho do Mano e fecha mais o meio de campo. Que mané, não percebeu que o Timão levou um gol por conta disso? A vida é repleta de coincidências.
            Dito e feito, aos 45 minutos Roberto Carlos manda um golaço e empata a partida. Mas não valeu! O juizão deu uma falta de Iarley no lance, que só ele viu. O cara devia estar numa realidade paralela, não é possível. E ainda temos de agüentar os chorões dos times adversários falando que os árbitros ajudam a gente.
            Mas aqui é Corinthians, ninguém vai ficar chorando e reclamando de juiz, bola pra frente que tem mais três minutos, dá pra fazer mais um. E dá mesmo: no último minuto da partida, Paulo André marca de cabeça, em cobrança de escanteio realizada por Defederico. Pode soltar os rojões, pular, gritar e amolar o vizinho palmeirense, conseguimos o empate, continuamos invencíveis e liderando o campeonato. Vai, Corinthians!
            É isso, não vemos ninguém à nossa frente. Dividimos a liderança com o Ceará, a surpresa do campeonato, com a mesma pontuação. Nossa vantagem é no saldo de gols. E olha só: pegamos os caras na volta do campeonato. A vida é repleta de coincidências. Mesmo.

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