24 de jun. de 2010

Chazinho de Coca - Eu gosto da Itália.


Texto: João Paulo Tozo
Imagem: Getty Images


Eu gosto da Itália.

Do país eu gosto, admiro, quero conhecê-lo bem. Só que não só ele, mas outros também.
Da Itália, mais do que de outros países, eu gosto mesmo é do time, é da seleção.

Mas que cazzo é esse, se eu pego tanto no pé do Dunga por armar uma seleção brasileira tão preocupada com o resultado e despreocupada em dar espetáculo?

Eu gosto do Brasil.

Nossa, como gosto. Mais ainda do país. Mas da seleção eu gosto demais.
Por isso sou chato com quem a comanda. Se não faz com ela o que dela se espera, caiu matando mesmo.

Do Brasil eu quero arte, quero espetáculo. Orgulho-me de ter Pelé. Orgulho-me de ser penta. Orgulho-me de ser do “País do futebol”.

Da Itália eu não espero nada além de suor, de fibra, de raça. Alucino com jogos que de perdidos tornam-se ganhos nos minutos finais. Que passam do drama para o êxtase. Que arrancam da cadeira até o mais sóbrio torcedor. Gosto de ver times tecnicamente sofríveis como esse atual, quase vencer na base das 5 toneladas de camisa.

Amo a essência dessas duas escolas. Tão antagônicas. Tão capazes de gerar fanatismo. Tão únicas. As maiores. Tão capazes de gerar um embrião que acaba por uni-las. Berços do elo que me une a elas.

Eu gosto do Palmeiras. Amo. É um capítulo a parte em minha vida. Sou mais palmeirense do que brasileiro quando o assunto é futebol - leia bem e sem pré-conceitos – quando o assunto é futebol .

Talvez a síntese desse carinho que tenho pela Azzurra seja essa. A ligação de coração e de alma que tenho com o Palmeiras. Um mix de Brasil e Itália. O símbolo maior da aliança histórica entre essas culturas, entre esses povos. Itália de origem. Brasil por opção, por gratidão. É Itália no Brasil.

Veja que não digo que é essa a razão. Mas não encontro outra para contrapor.

Como não ser o Palmeiras a razão? Como não ser o clube de futebol que é apelidado de “Academia de Futebol” pelos esquadrões de técnica refinada nos anos 60/70/90? Mas é o mesmo clube que passou a ser o clube do coração, quando mais do que técnica, usou de suor e sangue para vencer os prélios?

Nada pode ser mais Brasil e Itália no que tange o futebol.

Divida o Palmeiras em escolas e você terá a brasileira e a italiana. Ambas muito vivas, muito presentes.

A semente italiana está em mim, muito mais do que pela já longínqua ligação familiar, mas pela essência da bola, do jogo, do esporte. Do meu clube de coração.

Creio ter achado a razão. A mesma que me fez quase chutar tudo para o alto no anulado gol de empate da Itália. A mesma que me faz entristecido agora.

Terei de esperar mais 4 anos para sentir essa ebulição sanguínea. Mas somente 1 dia para efervescer de orgulho da amarelinha. Espero!

Cheers,

Um comentário:

Fellipe disse...

Tenho essa mesma ligação com a Itália e acredito que seja tambem pelo Palmeiras, mas em época de copa, só sou Brasil. Agora vendo pelo bem do futebol, pelo futebol bem jogado, em certa parte gostei da Itália ter saído, mas um grande que se perde no caminho, mas em época de times desfigurados não vejo nada alem do normal, odeio pensar nisso mas o próximo gigante a cair é o nosso Brasil.