Texto: Beto Almeida
Foto: EFE
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A real é essa: acho Copa do Mundo um tremendo pé no meu saco, apertando bem forte, nessa época não se fala de outra coisa em tudo que é canal, jornal e revista, mesa de boteco e balcão de padaria, que joça, os israelenses fuzilando uma flotilha humanitária e um vazamento de petróleo que dura mais de mês, mas qual o quê, todo mundo quer é saber da Jabulani e duma discussão entre dois jogadores na seleção canarinho.
Pois é, a Copa pauta o mundo, e nós, esse imenso rebanho bovino global, temos de comer o capim que entregam pra gente, comigo não é diferente, embarco nesse navio, munido da minha vuvuzela, que não preciso explicar o que é, todo mundo já sabe, nessa altura dos acontecimentos.
O mais bacana é que essa nação de chuteiras pára para (sei que é feio, mas sempre quis escrever isso) ver os jogos do Brasil, alguns assistem os jogos com os colegas de trabalho, e até com o chefe, pasmem!, não pode nem gritar e falar palavrão, aquela espontaneidade toda, que maravilha.
E cá no blog me coube a tarefa de escrever sobre o primeiro dia dos jogos, não adianta convencer a chefia do contrário, me tira dessa, não tem jeito, é a maior Copa de todos os tempos e tal, beleza, tomo um anti-alérgico e encaro o desafio, que também sou feroz.
Então vamos lá, África do Sul e México fazem o jogo de abertura, o estádio “Soccer City” de Joanesburgo lotado, pô, tem de falar pros sul-africanos que “soccer” é coisa de quem não sabe nada de bola, já queimaram o filme monstro nessa, é “football” galera, ou “calccio”, como dizem os italianos, podem escolher.
Mas divago, a torcida faz a maior festa, eles são animados, tocando aquelas porcarias de vuvuzelas que fazem um barulho irritante do caramba, a minha cabeça parece que vai explodir, imagina quem tava lá, então vejo a seleção sul-africana entrando em campo, cantando e dançando, pronto, me ganharam, sou facinho mesmo.
Começa o jogo, o México vai pra cima, correndo como pra atravessar a fronteira, os africanos conseguem segurar os caras, acaba o primeiro tempo sem gols, ou outros fatos relevantes.
Meu coração tá dividido, a África do Sul de Miriam Makeba e seu “Pata Pata”, do Mandela, da luta contra o apartheid, os caras merecem uma alegria, e os nossos irmãos mexicanos, dos mariachis, de Zapata, de Chiapas, do Trio Los Panchos e do Chaves, sim, latino-americanos como nós, tô torcendo prum empate.
Começa o segundo tempo, os Bafana Bafana (nessa altura dos acontecimentos todo mundo sabe o que isso quer dizer) marcam o primeiro gol dessa Copa, com Tshabalala, o craque da camisa 8, eleito melhor jogador da partida.
Mas os mexicanos não se entregam, os caras são descedentes de guerreiros maias e astecas, também têm história, chegam ao empate com Rafa Marques, pouco depois. E é isso, o jogo acaba, deu empate, tô feliz.
Mas tristeza não tem fim, felicidade sim, então me toco que mais tarde vou ter de assistir mais um jogo da Copa, França e Uruguai. Mas essa é outra história, pra outra coluna.
Olha só a Miriam Makeba, saudade dela.
E o Trio Los Panchos, puta coisa linda.
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