4 de jun. de 2010

Café com Leite: Cotidiano

Texto: Beto Almeida
Foto: Junior Lago (para o Lancenet!)

            Pois é, o barato de jogar com o Inter de Porto Alegre é isso: dá pra escrever a coluna antes do jogo porque é bicho garantido, e a gente trata bem o freguês, o mesmo serviço que entregamos pro São Paulo; ganhamos mais uma vez, é aquela vida cotidiana, a feijoada da quarta-feira, parece um casamento.
            E lá vão os chorolados fazer o trivial, que é reclamar do juiz e dizer que a CBF armou o campeonato pro Corinthians ser campeão no ano do centenário. Essa é a vida mundana, tudo previsível, mas até existem casamentos felizes, daqueles de acordar a mulher com beijinhos e fazer o café da manhã, todo sorrisos, que até mesmo o habitual dá pra fazer diferente. Da minha parte, também faço o mesmo, dar o serviço e descrever a partida, que começa com o Pacaembu lotado, sem novidade.
            Que aparece na escalação do Timão, com Paulo André e Iarley nos lugares de Chicão e Jorge Henrique, machucados, e a manutenção do esquema com dois armadores no meio, dando maior poder ofensivo à equipe. Parece que Mano Menezes enfim acordou, deixou a retranca de lado, que isso é coisa de time gaúcho.
            Porque gaúcho só faz bonito em campeonato de Miss Brasil, bola não é a praia deles, vez em quando um Falcão e Ronaldinho aparecem, uma farofa naquele churrasco que é o futebol de marcação e chuveirinho na área, característica dos gaudérios, sequiosos da tradição.
            E o jogo começa com o Internacional pressionando, o que não assusta ninguém, não dá pra levar a sério um adversário cuja torcida entoa um hino baseado na música “Brasília Amarela” dos Mamonas Assassinas, é muito feio, não à toa gaúcho virou gênero de piada, quéisso. Aos 24 minutos Andrezinho chuta pro gol, obrigando nosso goleiro a fazer boa defesa, o Felipe tá voando, a galera aplaude.
            Eis que a vida segue o curso normal, aos 37 Sorondo derruba Danilo na área, é pênalti. O xará do Rei faz a cobrança, todo mundo espera uma bomba, que nada, o goleirão colorado chega a tocar na bola que caprichosamente corre de mansinho pra dentro do gol, a explosão veio das arquibancadas. Vai, Corinthians!
            E o Corinthians vai, pro vestiário, acaba o primeiro tempo, temos a vantagem no marcador. Pausa pra pipoca e refrigerante, é nóis.
            Começa o segundo tempo, e logo aos 8 minutos Iarley faz o segundo gol do Todo Poderoso, em ótimo passe de Elias que o encontrou livre dentro da área, aí é correr pra torcida que grita e pula ensandecida, o show costumeiro.
            Aí foi aquilo, o Mano tira Bruno César e coloca Paulinho pra reforçar a marcação no meio-campo, o cara tem essa mania, fazer o quê?, e substitui Dentinho, que tava cansado, por Defederico. Mas as favas já estavam contadas, donde menos se espera é que não sai nada mesmo. Os colorados até que tentaram, Alecsandro cabeceia uma bola, nosso goleirão voador toca nela, que bate na trave em seguida. Os orixás tão ali pra isso, proteger nosso bom baiano, mandou muito o Felipe, que gosta duma mandinga.
            É isso, o jogo acaba com a torcida gritando olé, ao freguês resta chorar na volta pra Porto Alegre, e eu que não vou escrever muito no feriado, também cá tenho minha vida pedestre, quero aproveitar um pouquinho.

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