A Selecinha
Pois é, meus amigos, alguns podem não ter ficado sabendo, mas a seleção brasileira jogou semana passada e tomou um baile da Venezuela nos EUA. Isso mesmo, a seleção DO BRASIL jogou contra a seleção DA VENEZUELA nos ESTADOS UNIDOS e PERDEU.
Eu não assisti o jogo. Nem me preocupei com a existência dele, para ser sincero. Sendo assim, comecei a me fazer muitos questionamentos: meu interesse por futebol vem caindo? estou cansado demais para acompanhar um jogo de futebol à noite? estou com tanta coisa a fazer ao ponto de não ter tempo de assistir o jogo? será que é melhor eu largar esse negócio de escrever sobre futebol e ficar mais ligado nos desfiles do Fashion Rio?
Não precisei de muito tempo para responder a essas questões. Meu interesse por futebol continua o mesmo - enorme - ao ponto de eu deixar de fazer coisas mais importantes no momento para assistir os jogos da Euro, que passam em horários extremamente ingratos para nós brasileiros. Apesar de fazer mil coisas ao mesmo tempo, nunca me sinto cansado para assistir um futebolzinho. Para ir à padaria sim, para tomar banho também, mas nunca para assistir o futebol. Estou com muitas coisas em andamento, mas me organizei bem o bastante para conciliar todas, e por isso sempre estou livre na hora dos jogos. Além disso, a seleção jogou às 23:30 de uma sexta-feira e eu não trabalho aos sábados. Ando de camiseta e calça jeans de segunda à domingo, o mundo fashion definitivamente não é pra mim.
Por isso, cheguei à conclusão de que o problema não sou eu, é a Seleção. Desde quando parei de me preocupar com o time da amarelinha? Fazendo um retrocesso, lembro-me que assisti todos os jogos da turma do Parreira em 94, todos os do time do Zagallo em 98 - até chorei na final - e todos da família Scolari em 2002, chegando ao ponto de quase sair no tapa defendendo o Marcos em oposição ao Kahn. Percebi que as coisas começaram a mudar depois de 2002. Parei de me preocupar com a lista de convocados, não dava mais importância aos amistosos nem às eliminatórias, Copa América para mim só valia de tivesse a palavra "Libertadores" no meio das outras duas. E por quê?
Simplesmente pelo fato de que, do mesmo jeito que os governantes do Brasil, a Seleção também não me representa. Ali não estão os meus craques, os caras que dão o sangue toda quarta e domingo na Campeonato Brasileiro, aqueles que na maioria das vezes jogam - ou tentam jogar - com a mesma garra e a mesma ginga contra o time que for, no gramado que for (até nas superfícies lunares espalhadas pelo Brasil afora, que muita gente teima em chamar de campo de futebol). No lugar desses bravos, vejo um time asséptico, frio, sem vontade e sem organização, jogando contra sparrings de luxo em tapetes distantes. Vejo uma Conferederação mais preocupada com os milhões que entram nos cofres depois desses espetáculos do que com as competições em si... uma Conferedaração que coloca no comando do time caras que não são preparados e nem competentes para ocupar o cargo que possuem, mas que se curvam às vontades do dirigente supremo do futebol brasileiro e de seus aliados. Meros testas-de-ferro, papagaios dos grandes piratas.
Em campo, fora craques indiscutíveis, que continuaram jogando o fino dentro e fora dos gramados independentemente do país em que atuam, como Robinho e Kaká, vejo profissionais que parecem não saber o que representam quando vestem as camisas que já passaram por gente como Pelé, Garrincha, Rivelino, Sócrates, Júnior, Falcão e Romário. Uns caras que apenas cumprem tabela e não vêem a hora de voltar para o conforto de suas mansões.
Meus amigos, depois de muito pensar, percebi que tenho muitas razões para dizer que a selecinha não merece o -ão do nome e de forma alguma me representa.
11 de jun. de 2008
La Mano de Dios - A Selecinha
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Um comentário:
Cara, você falou tudo e resumiu bem:da mesma forma que os governantes do meu país não me representam, esta seleção brasileira também não me representa e pode crer, por trás dessas convocações tem interesses espúrios. Muita grana envolvida para manter este defunto vivo na presidência da CBF. Parabéns pelo seu artigo. Digno de ser lido por quem realmente gosta de futebol. Precisamos conscientizar mais gente para mudar esta ditadura no futebol brasileiro.
Roma Ab
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