Coisa linda o texto do Feroz.
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Bandeira branca em Prudente
por Mauro Beting às 15:44h
Em São Paulo, verdes e negros só têm uma cor em comum. A branca. A da paz. A da bandeira que deve ser erguida em Prudente por presidentes, treinadores, atletas, jornalistas e torcedores de bom coração. De enorme emoção para aguentar mais um clássico que desde 1917 para a cidade. Qualquer uma. Mais um jogo para corintianos e palmeirenses não se entenderem nem no número. Cada clube faz uma conta diferente para o dérbi. Como o torcedor conta cada clássico do jeito que viu. Se é que viu. Se é que consegue contar o que estas linhas também não saberão.
Palmeiras e Corinthians são um só corpo dividido em duas almas. São pólos diferentes que se atraem por química, são corpos diferentes que ocupam o mesmo espaço na física. São gente desta terra e da terra nostra que se distinguem na história. São paulistanos da Zona Oeste e da Zona Leste que se distanciam pela geografia. São tão diferentes que acabam sendo iguais.
Eles não se odeiam. Respeitam-se. Como duelistas. Todo jogo vai ser dia de vitória. Ou melhor: de derrota. Do outro. O importante não é vencer. O que vale é o outro perder.
Um não vive sem o outro. Um morre se o outro vive. Mas ninguém precisa morrer no duelo onde quem é realmente vivo o vive intensamente. A rivalidade exige o adversário em pé, ainda que derrubado. A graça do clássico é a celebração dupla, da própria vitória, da derrota alheia. Sei que é menor, é mesquinho, é egoísta não se satisfazer apenas com o próprio sucesso, e torcer pelo fracasso alheio. Mas esse é o homem. Ser tão imperfeito e emocionante como um jogo de futebol que premia fracos, que derrota justos, que iguala desiguais. Sobretudo num clássico.
O Santos teve Pelé, o São Paulo tem os troféus. Mas a rivalidade histórica, essa nasceu antes que o craque de Três Corações, antes que o clube das três cores paulistas. É questão de tempo que é senhor da emoção. Corinthians e Palmeiras cresceram juntos, tiveram muitos filhos, e seguem prósperos, apesar de alguns filhos pródigos, impróprios ou infelizes. Seguem fazendo lindo esse casamento jamais consumado. Sempre negado. Mas que a bola sabe que esses dois viverão juntos para sempre. Porque esses amores não morrem. Nem podem matar.
É só o que queremos. Um clássico numa tarde de sol. Uma vitória para contar aos filhos, que contarão aos netos aquilo que realmente conta. Aquilo que os que tomam conta dos clubes estão de parabéns em desarmar espíritos e elevar o futebol àquilo que é: um jogo que vale por uma vida, e não uma vida colocada em jogo por uma cor.
http://blogs.lancenet.com.br/maurobeting/2009/03/07/bandeira-branca-em-prudente/
8 de mar. de 2009
Do blag do Mauro - Bandeira branca em Prudente
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2 comentários:
Quisera eu fosse verdade...
Já saiu briga entre torcedores palmeirenses, pode crer que até o jogo mais coisa acontece. É a triste realidade de um país conivente e despreparado.
Não dá pra querer que todos sejam racionais. Mas foi um jogo que entrou para a história. O maior dos clássicos, escrevendo mais um capítulo único.
Parabéns Palmeiras, Corinthians e Ronaldo.
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