5 de fev. de 2010

Chazinho de Coca - O Perdão de Pablo Armero

Ontem o Palmeiras só empatou com a Lusa, debaixo de muita chuva, no Palestra Itália. Ao final, o placar de 1X1 acabou sendo justo pelo que foi o jogo. Na 1ª etapa a Lusa encontrou um Palmeiras entregue, com verdadeiros rombos em sua retaguarda e chegou a abertura do placar. Na 2ª etapa Muricy acertou a marcação, o time trabalhou bem as jogadas. Daquele jeito que todo mundo já sabe. A bola rola fácil até os meias ou até os laterais, daí pra frente a coisa praticamente inexiste. Robert é muito boa opção – de banco, só de banco – e acaba ai o ataque verde.

O gol saiu dos pés do ótimo zagueiro Danilo, que há tempos vem sendo o melhor “atacante” do time.

A dura vida de Muricy deverá receber um bom alívio nos próximos dias. O atacante Ewerthon e o meia Lincoln já estão apalavrados com o Verdão e só aguardam suas liberações. O artilheiro paraguaio de 2009, o jovem Pablo Velázquez, de 22 anos, está perto de ser contratado também, via Traffic.

Mas na verdade hoje quero falar sobre uma questão mais humana. Quero falar sobre Pablo Armero.

Lateral esquerdo titular da seleção colombiana, chegou ao Palmeiras via Traffic, como uma das grandes apostas da parceria. Logo de cara empolgou com seu futebol de velocidade, característico do futebol do seu país.

Sua presença no time trouxe à memória do torcedor as passagens de outros colombianos de sucesso no time, como Rincón e Asprilla.

Armero fez ótimo Paulistão em 2009, sendo eleito o dono da posição na seleção do campeonato.

A partir daí, porém, a impressão é que o colombiano acomodou-se. Seu futebol murchou, os erros passaram a ser frequentes e muitas vezes davam a impressão de algo inconseqüente. De seus pés começaram a surgir erros que resultavam em gols dos adversários. Armero parecia não pensar muito no que fazia. Passes de 2 metros passaram a ser um martírio para se acertar. Os cruzamentos paravam sempre na arquibancada.

A paciência de todo mundo começou a rarear com o lateral esquerdo. Eu mesmo muitas vezes o cornetei aqui, dizendo que não havia por parte dele o domínio de um único fundamento necessário para se jogar futebol. Na verdade, a impressão era essa mesmo. Mas como pode, se até meados de 2009 ele era apontado como o melhor lateral esquerdo do país?

No BR 09 o Palmeiras naufragou. A curva verde foi descendente, assim como a de Armero. Parece até resultado uma da outra. É, também, mas não apenas isso, claro.

2010 começou e o Palmeiras voltou a apresentar a irregularidade do fim da temporada. Armero voltou a mostrar algo que eu não sei dizer se é incompetência ou inconseqüência, mas que é algo que mina qualquer tipo de paciência.

A da torcida acabou. A de alguns companheiros de equipe também. A crônica faz o seu papel e aponta os erros constantes, mas também não faz questão de se lembrar que ela própria o alçou a condição de bom lateral em 2009.

Nesse tsunami de críticas ao jogador, quase todo mundo se esqueceu do homem. Eu inclusive.

Ao ser substituído, ainda no 1º tempo do clássico de domingo, por um jogador que nem é da posição, Armero não reclamou, não fez cara feia, não agiu como tantos canelas duras (muito mais duras do que as suas – que nem sempre foram duras) agem quando acham que são mal substituídos. Armero chorou o choro de um homem, não de um jogador. Silencioso, no seu canto, sem dar na telha, contendo as lágrimas com a sua toalha. Um choro só notado pela tristeza estampada em seu olhar.

Foi um duro golpe pra mim, assumo. De corneta fervoroso do lateral, passei ali a ser um torcedor do homem chamado Armero. Torcedor para que o sucesso do homem, leve o atleta a recuperar a sua essência, que por conseqüência irá trazer de volta o bom lateral que o alviverde perdeu. Torço para que ele não me dê mais motivos para criticar o jogador. Torço por ele, como torço por homens de fibra, que não abaixam a cabeça nos momentos de dificuldade.

Ontem ele estava lá outra vez, na sua lateral esquerda que tem sido tão cheia de obstáculos ultimamente. Mais uma vez ele errou, e feio. De seu erro saiu o gol adversário. Mais uma vez ele seguiu adiante. Fez até um bom 2º tempo, mas não apagou mais essa má jornada.

Ao final Armero concedeu entrevistas. Deu os dois lados da face a “tapa público”. Sem esconder a própria frustração com o trabalho desempenhado, Armero pediu perdão ao torcedor palmeirense. E enquanto se desculpava pelo “crime” de suas más jornadas, alguns torcedores o xingavam ao fundo.

Terminada a entrevista, Armero foi até eles e, gesticulando alguns sinais, pediu perdão - como quem houvera praticado um crime sem intenção - para aquele grupo de torcedores.

Prontamente o xingamento cessou e em seu lugar, os mesmos detratores voltaram a ser torcedores, não só do Palmeiras, mas do Armero, do lateral esquerdo do seu time.

E Armero foi para o vestiário, tendo seu nome gritado pelos mesmos que o xingavam. Um belo momento para o homem. Que sirva de motivação para a sua recuperação.

2 comentários:

Unknown disse...

Não soube disso de ele ter ido ate a torcida pedir desculpas, eu torço por ele tambem, gosto do futebol dele bem diferente do que ele tem mostrado, um futebol alegre.



FORZA PALESTRA!

Rene Crema disse...

Concordo com o que disse o cara que escreveu em azul ai em cima! rs