2 de ago. de 2010

Café com Leite: Sobre chorões, mafiosos e economistas e outras coisas

Texto: Beto Almeida 
Foto: UOL

            É pessoal, ninguém sabe, tenho vergonha de contar, mas sou economista. Tudo bem, não é algo assim tão horrível quanto ser são-paulino, mas não é tão legal quanto ser um jogador de futebol. Olha só o Bruno, ex-goleiro do Flamengo, saindo em tudo que é capa de revista e tal, se fosse um economista ia aparecer na seção Dinheiro, aquela que ninguém lê.
            O bacana disso é que posso dar umas dicas de investimento e nem ficar constrangido, tenho uma aura de credibilidade, essa coisa que no Brasil se costuma comprar em cartório e tem de ser assinada e carimbada e diplomada.
            Pois aqui vai minha dica de investimento do dia: comprem ações de fábricas de chupetas, minha gente! Só a chupeta pra parar com o berreiro dos anti-corintianos que estão num chororô só, não chororó - como insiste grafar o corretor ortográfico do meu Word.
            Assim é a sina alvinegra: quando ganha ou empata é tudo graças aos erros da arbitragem, que sempre favorecem o Todo-Poderoso. Quando perde é cavalo paraguaio mesmo.
            O Timão é a equipe das mutretas, esquemas e armações. O Kia Joorabichian, empresário iraniano, não pode pisar nessas tropicais terras, com o risco de ser preso. Envolveu-se em transações milionárias usando o clube como intermediário. Trouxe Tevez e Mascherano, jogadores da seleção argentina, para o Corinthians com dinheiro lavado no petróleo russo, hoje é refugiado na Inglaterra e, como Juvenal Juvêncio, deve dar suas bicadas num bom “scotch” legítimo escocês. É a globalização, meus amigos, que traz a riqueza e o progresso ao nosso mundo, pois imaginem que não muito tempo atrás jogador era comprado para time brasiliano com dinheiro lavado no leite italiano, esqueminha regional, e refugiado tinha de se contentar em dar umas bicadas num “scotch” paraguaio e olhe lá.
            É claro que minto, refugiado e exilado sempre se deram bem, em sua maioria. Quem se lasca mesmo é a massa estrangeira, mesmo que em seu próprio país, que ainda bebe sua cachacinha e fuma o cigarro mais barato, torcendo pra não ser confudida com um terrorista ou outro tipo de meliante. Os suspeitos de sempre.
            Mas divago, falava do Corinthians, esse time que mancha o panteão de clubes nacionais com suas jogadas sujas. Agora pensam construir um estádio, provavelmente com dinheiro público, coisa que nunca aconteceu nesse estado de São Paulo. Parece que só falta um laudo, e não é o Laudo Natel. Antigamente tudo era mais fácil, pois é.
            O Corinthians compra, corrompe, macula os campeonatos que participa. Ainda não conseguiu comprar uma Libertadores da América graças aos esforços da CONMEBOL, instituição acima de qualquer suspeita e zelosa da dignidade do esporte em nosso continente.
            Mas vá lá que já falei demais de futilidades políticas e policiais e menos de futilidades que passam dentro de campo. Pois ontem teve clássico, o chamado derby paulistano. Caras, gosto muito desses anglicismos no futebol, esporte bretão.
            O derby paulistano é o jogo entre Corinthians e Palmeiras, praqueles que não sabem. Foi o jornalista Thomaz Mazzoni quem batizou a rivalidade, em referência à mais importante corrida de cavalo do mundo, o Derby de Epsom. Isso aí segundo o Wikipedia.
            Bem, num Pacaembu esvaziado pela presença de 20 mil bebês-chorões e alguns milhares de fiéis, o Corinthians entrou em campo com seus quatorze jogadores, os onze regulares, goleiro mais linha; e os outros três que eram o juiz e mais dois bandeirinhas. No lado do Verdão, o técnico Luis Felipe Scolari inovou e mostrou porque merece ser o técnico da seleção brasileira na Copa de 2014: entrou com os onze pernas de pau de sempre, porém com dois goleiros - Deola e o colombiano Pablo Armero, que também atuava pela lateral esquerda. Essa visão tática original vai revolucionar o futebol mundial, a laranja mecânica de Rinus Michels será legada ao esquecimento. Senhoras e senhores, Scolari é gênio.
            Não demorou muito pro esquema palmeirense funcionar. Num cruzamento na área dos presuntinhos o Armero desvia a bola com o braço, inspirado talvez em seu conterrâneo Higuita, que deixou saudades e é autor da defesa mais sensacional de todos os tempos: o “Scorpion Kick”, técnica aprendida com Chuck Norris e Bruce Lee durante as gravações de Fist of Fury, ou algo assim. Filmão, recomendo. Tem o Bruce Lee, poxa.
            O fato é que o juiz corinthiano não viu a infração, devia estar amarrando a chuteira na hora. Sabia que o Roberto Carlos ia ser má influência pra equipe!
            Segue que dominamos os primeiro vinte minutos até fazer o gol, finalmente. Numa bela jogada de contra-ataque Jorge Henrique faz um golaço de letra. Tava um centímetro impedido, qualquer um viu, mas o juiz era nosso, toma essa! É nóis!
            Aí vem o tradicional apagão pós-gol...
            E, claro, o Todo-Poderoso deixa o adversário empatar. E olha que o juiz nem deu impedimento pra ajudar a gente, ele deve ter apagado junto com o resto do time.
            Aí veio o segundo tempo e o Palmeiras veio melhor. Fizeram três gols, o juiz anulou todos. Não importa que ele acertou todos os lances, ele era nosso e ponto final. A Rede Globo agradece a audiência e os operários do meu Brasil trabalham mais felizes na segunda-feira. Time de massa é isso, minha gente.
            O empate tava bom pra todo mundo, mas o Coringão é o time da virada. Num contra-ataque que seria mortal, Pablo Armero novamente mete o braço na bola, impedindo o gol alvinegro. E a partida acabou no 1 x 1 mesmo.
Scolari, parabéns. Esse teu esquema de dois goleiros funcionou com perfeição, não vejo a hora de todos adotarem essa brilhante filosofia de jogo.
            Já o esquema corinthiano de comprar os juízes mostrou não ser tão eficiente assim. É, antigamente tudo era mais fácil.

5 comentários:

Gustavo Nogueira disse...

Belíssimo texto, você conseguiu sintetizar todas as invejas mundiais contra o Timão em alguns parágrafos. Eu queria ver se fosse o Chicão que tivesse metido a mão na bola 2 vezes, aí o mundo ia acabar. E tem outra, o Bruno César tomou cartão amarelo (fora contra o FLA) por "atrapalhar" o chute do Edinho, e num lance rigorosamente idêntico o
Pierre fez o mesmo com o Defederico, mas dessa vez o juiz corinthiano deveria estar amarrando a chuteira novamente né!

Rene Crema disse...

Hahahaha ... isso por que a pimenta é nos olhos dos outros né, se acontece o inverso ia ser ate capaz de voltarem o jogo!

Esquenta nao, esse jogou ficou marcado pelo dia que o Curinthia perdeu a liderança e nao voltou mais!

Feliz ano do centenada! :D

Nelson disse...

curintianada chorona.

Beto Almeida disse...

Gustavo, obrigado pelo elogio!

Rene, calma... Ainda tem muito campeonato pela frente, ai acontecer muita coisa!

Nelson, o choro é universal, hehehehe

Rene Crema disse...

Beto, pro Curinthia o ideal era o campeonato acabar antes dessa ultima rodada, heheh

>D


O que seria do mundo sem a rivalidade batuta de Palmeiras e aquele time da marginal sem numero né, hahahah