26 de jan. de 2009

Dia do Professor.

por Mauro Beting


Para que elogiar o professor Belluzzo?
Como jornalista, é dever de ofício. Como cidadão, é mera constatação. Como palmeirense, é pleonasmo.

Como o clube que merece dirigir, é um vencedor. Como craque do time, carrega algumas malas nada moles para a eleição. Gente que quase quebrou o clube com práticas paleozóicas, uns que mudam de ideia e ideais como a oposição muda de discurso, um presidente que tentou emular mulas que empacaram o clube…
Mas faz parte da política tabelar com craques e bagres. Da política com p minúsculo, que mesmo um Palmeiras maiúsculo como o candidato precisa fazer.

O professor que ajudou a trazer o novo rico patrocinador. Como ele já havia feito com o anterior. Como dera o visto para o setor mais visado do estádio. Como ajudara a trazer o parceiro dos tempos áureos de vacas gordas (ainda que com alguns sapos gordos enterrados para emperrar os negócios, nos anos 90). Como fez o meio-campo para a parceira que montou o elenco campeão paulista em 2008. Como alicerçou a base para a construtora do novo Palestra. Tão arrojado e moderno como o mandato que pretende fazer.

O oposicionista também é um grande palmeirense. Bem intencionado. Gosta de futebol. Parece tão bom que até nem é o candidato ideal do ex-sultão que insultou a história do time em 13 anos de trevas. Mas, que pena!, o oposicionista não é o Belluzzo. Ele é apenas bom. Barato. E o bom e o barato, o palmeirense sabe, é péssimo. É caro. É passado.

O presente está nas mãos dos que votarão na segunda-feira por um clube de primeira. É tão clara a melhor opção que nem precisaria estar escrevendo tudo isso para desejar que Belluzzo Obama, ops, que o professor seja tudo aquilo que ele tem sido pelo clube. Como o novo presidente dos EUA, o da SEP pode até decepcionar todos que o aplaudem cega e surdamente - mas não burramente. Como o professor norte-americano, no mínimo o futuro presidente deverá ser muito melhor que todos que passaram pelo cargo nos últimos anos.

Sim. O Palmeiras pode. O Palmeiras deve para o clube e para Belluzzo um presidente como ele.

2 comentários:

Anônimo disse...

Belluzo esperança na academia.

Anônimo disse...

Belluzzo recebeu o LANCENET! em sua casa, no bairro de Pinheiros, na Zona Sul de São Paulo, e falou em ampliar todos seus projetos.

LANCENET!: Você sempre relutou à candidatura. O que o levou a aceitar?

Belluzzo: Eu, de fato, não tinha essa pretensão. Vou continuar escrevendo na Carta Capital e dando aulas, mas vou reduzir as minhas atividades. Não posso negar uma história de vida ligada ao clube. É uma forte relação. É hora de encarar a tarefa de ser presidente.

LNET!: Muitos palmeirenses veem você como o salvador da pátria...

B: Sou uma pessoa falível. Não estou no roll dos infalíveis, como alguns se acham. Eu tenho um projeto para o clube e venho discutindo com pares e opositores, percebendo as particularidades de gestão de um clube no futebol atual.

LNET!: O que a torcida pode esperar?

B: O que desagrada é a falta de perspectiva, entrar no campeonato sabendo que não vai brigar. Isso é incompreensível. Tem de ter sempre a chance de título.

LNET!: Você foi um dos responsáveis por parcerias como a Parmalat, no passado, e agora com a Traffic, WTorre... O que isso representa?

B: Nós tínhamos como projeto alavancar o potencial financeiro do clube. O projeto de reforma do estádio já existe há muito tempo, mas estava inerte. O patrimônio do clube agora vai gerar receitas. O objetivo é financiar o clube e o futebol. A Traffic é interessante, pois atrai jogadores jovens que já sairiam do Brasil. Tem gente que acha igual à Parmalat, mas é muito diferente. A Traffic quer rentabilidade. O clube tem um objetivo esportivo. É o mundo do futebol moderno.

LNET!: E os contratos de patrocínio?

B: O Palmeiras teve um avanço. Isso foi feito por uma equipe, não só por mim. Nós tínhamos, há quatro anos, o fornecedor mais o patrocinador pagando R$ 9 milhões. Hoje, são R$ 24 milhões (NR: Adidas é R$ 9,2 mi por ano e Samsung, R$ 15 mi, mais bônus). Foi um avanço incrível. Isso não é pouca coisa.

LNET!: A Arena já atrasou. Quando é que ela irá mesmo ficar pronta?

B: Atrasou por incompatibilidade do terreno. O clube invadiu ao longo dos anos uma área lindeira e precisa corrigir isso na Prefeitura. Isso atrasou a obra. Mas já estamos superando os obstáculos. O fim da obra é primeiro semestre de 2011.

LNET!: A oposição repete que esse contrato não foi bem debatido...

B: Era preciso a aprovação para dar o passo inicial, que é corrigir esse problema do terreno. O fato é que nós oferecemos todas informações. O Frizzo não foi às reuniões, mas o filho dele foi. Houve discussão, bem mais do que em outras épocas.

LNET!: Como você vê o departamento de futebol? Vai mantê-lo?

B: O Gilberto (Cipullo) é indispensável. O elenco está bem composto. Estou comprometido com o Gilberto. Talvez nosso gerente (Toninho) cuide mais da parte estratégica, e deixe o dia-a-dia para outro profissional. Nós podemos avançar.

LNET!: A comissão técnica é cara?

B: Talvez as pessoas não saibam do custo das comissões dos outros. Elas são caras, isso é um problema do futebol. Os custos do futebol foram elevados pelo mercado internacional. É algo a evoluir no país.

LNET!: Você pretende ser um presidente ativo nas decisões do futebol?

B: O presidente tem de estar informado. Não vou interferir em escalação do time. Eu exerço minha autoridade de uma maneira soft, mas exerço. Não sou dado a destemperos autoritários. O autoritarismo é o fruto da falta de autoridade.

LNET!: O Palaia foi tirado da diretoria do futebol e hoje está na chapa...

B: A política do clube é assim. Essas recomposições são normais. Nem todo mundo tem visão coletiva.

LNET!: E a dívida, afinal, é de quanto?

B: Nós aumentamos muito as receitas. Mas tem gente que não faz conta direito, não posso resolver esse problema. A dívida bancária é de R$ 23 milhões em cima de uma receita que vai chegar aos R$ 90 milhões. A dívida é perfeitamente administrável. Ter dívida, mas com grau de liquidez adequado, não é problema.

LNET!: Mas o clube atrasou salários...

B: Não podemos deixar que isso aconteça. Isso abala o elenco. O Palmeiras tem financiamento suficiente para que isso não aconteça.

LNET!: O Frizzo seria bom presidente?

B: Não acho que seria um desastre. É um palmeirense dedicado. Acho que seria, sim, um bom presidente.

LNET!: Você é íntimo do presidente Lula e do governador Serra. Isso pode trazer algum benefício ao clube? E você recusou cargos em Brasília...

B: Não misturo as coisas. Tenho uma relação muito próxima do Lula, de muitos anos. Não quero valorizar meu passe. E o Serra é palmeirense da Moóca, é meu amigo. O Lula é um torcedor corintiano.