8 de jun. de 2009

...e há 3 anos as cortinas das transmissões esportivas se fecharam.

É com enorme pesar que vejo a minha geração tão alheia, cada vez mais distante de um dos maiores símbolos do nosso futebol – a transmissão esportiva pelo rádio.

A televisão nos dá a imagem, o close da jogada, o suor escorrendo da testa do jogador. O rádio aguça os nossos sentidos, nos faz exercitar a imaginação como quando estamos lendo um bom livro. A televisão é pragmática, é fria, é sistemática. O rádio é pura paixão, vibração, é o tom de voz que te faz desenhar uma rápida descida do ala pela ponta e o cruzamento certeiro na cabeça do artilheiro. O rádio é uma delícia.

Está no rádio o meu porto seguro informativo, o meu aquecimento a cada rodada, o mergulho histórico no universo da bola.

Em meio a toda essa mitologia, algumas divindades demarcaram seus espaços, impuseram seus estilos, suas maneiras de se fazer rádio. Alguns desses marcam suas passagens com marteladas de lirismo em meio a um mundo muitas vezes truculento como é o do futebol.

Assim foi Fiori Gigliotti. Figura ímpar nesse e nos outros mundos. Fiori transmitiu mais do que gols, transmitiu emoção a milhões de ouvintes ao longo de todos os anos em que esteve a frente de transmissões esportivas.




“Torcida brasileira...”...”o teeeeempo passa”...”Aguenta coração”... “Fecham-se as cortinas e termina o espetáculo”... “Crepúsculo de jogo.”

Se você é apaixonado por futebol, tenho certeza de que já escutou todos esses jargões. E mesmo que não saiba a quem pertence, aposto que ao escutá-los ou mesmo ao ler todos aqui, o sentimento que lhe vem é de saudosismo, é de uma época onde o futebol, antes de ser negócio, era paixão, era arte e as transmissões pelo rádio eram o termômetro do torcedor brasileiro.

O que esse cara deve ter narrado de “gols mais importantes de tantas e tantas vidas por aí”. Fez sorrir, fez chorar, fez brigar, fez se apaixonar. Fiori foi a personificação de todos os bons elementos presentes no rádio.

Eu pouco o vi e o ouvi, mas consigo mensurar sua importância para a história do nosso futebol. Seja pelo que os grandes nomes do rádio e do esporte falam hoje sobre ele. Seja pelo que meu saudoso avô comentava comigo sobre os “seus gols mais importantes na voz do Fiori” ou mesmo pelo que eu busco de informação.

O dial com os principais locutores do rádio esportivo brasileiro. Uma homenagem do Museu do Futebol aos grandes nomes da latinha. (imagem e informação - site do Milton Neves)

Assim como Josè Silvério é a voz "dos gols mais importantes da minha vida", Fiori foi a de tantas e tantas outras pessoas de outras épocas. E é por ter o Silvério como ídolo, como personagem singular na minha paixão pelo futebol, que faço aqui essa singela homenagem a um dos maiores nomes do rádio brasileiro, a voz "dos gols mais importantes de tantas outras vidas".



Acompanhe abaixo a transmissão de um gol de Jorge Mendonça, em jogo válido pelo Campeonato Brasileiro de 1979. Flamengo X Palmeiras, na voz de Fiori Giglioti:



Fonte das imagens:
www.miltonneves.com.br/

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