Muita violência e pouco futebol
Foi uma sucessão de erros. Após o São Paulo anunciar a cota dos 10% para a torcida adversária, a diretoria do Corinthians lançou uma série de notas infelizes, descontente com a decisão, justíssima por sinal, do time mandante que exercia seus direitos.
Para completar, a diretoria tricolor, que podia ter colocado panos quentes na situação ao justificar a causa dessa nova decisão de assumir o Morumbi como campo do São Paulo (as parcerias do tricolor já não são novidade), rebateu a obtusidade da diretoria corinthiana com comentários arrogantes, botando mais pimenta no caldo.
Aí a coisa entornou: Andrés Sanchez e sua diretoria, numa das manobras mais infelizes da história, deu 4 mil dos 6.500 ingressos destinados ao Corinthians à Gaviões, que redistribuiu essa cota entre sua facção mais violenta. Estava dada a receita para o desastre.
A polícia mais uma vez mostrou-se atrasada, despreparada e despreocupada e deu no que deu: muitos feridos, muita destruição e o torcedor pacífico, aquele que vai para torcer, mais uma vez distante do estádio ou vítima da massa acéfala que os times teimam em acalantar.
Não há mocinhos nesse teatro dos horrores: uma diretoria populista, ignóbil e bruta, reflexo da mais perversa face de um time grandioso como o Corinthians; uma diretoria que deu tristes sinais de arrogância quando poderia ter resolvido as coisas ao abrir o jogo; uma polícia despreparada, truculenta e apavorada, que não sabe o que fazer com o futebol; uma torcida brutal, selvagem, composta por marginais, que teima em se dizer dona de um time que é de muitos outros, espalhando medo e saindo impune. E um governo omisso, que não se mexe em nenhum âmbito para resolver um problema que há muito tempo ultrapassou os limites dos estádios e já é uma triste realidade social.
A vítima? Nós, que só queremos ver futebol nos estádios e chegar em casa com nenhuma dor maior do que uma eventual derrota.
17 de fev. de 2009
La Mano de Dios - Muita violência e pouco futebol
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2 comentários:
está certíssimo, e eu acrescentaria mais um problema aí, é o do torcedor que vê a polícia como um inimigo, aí junta com a impunidade, é como se naquelas fardas cinzas eles enchergassem o escudo da torcida adversária.
abraço
Muito bons os artigos do Blog sobre o assunto violência nos estádios. Sem nenhum reparo, cada um atacando um ponto de vista, mas todos somados traduzem o porquê dos estádios vazios e aí não adianta campanha de sócio-torcedor. Eu quero é garantia para ir ao estádio! Também dentro de campo a violência entre jogadores não acaba, aliás acho esse tipo de agressão entre colegas de profissão uma covardia. Ontem o jogador do São Paulo, que entrou nos minutos finais, deu uma cotovelada no adversário, que se pega estava indiciado como criminoso. Mas também não ia dar em nada, pois vivemos no país da impunidade e do escândalo sem culpado.
Um abraço, O. Abe.
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