Ontem o Grêmio, hoje o Palmeiras. Se haviam opções de sobra para o dentuço mais talentoso do futebol do mundo, resta agora apenas o Flamengo como opção nessa sua conturbada volta ao futebol brasileiro. O leilão acabou e o derrotado maior é o próprio Ronaldinho.
Se ele e seu irmão (e péssimo) procurador, Assis, esperavam um anúncio bombástico, agora já era. Só há um interessado.
Mas não adianta Palmeiras e Grêmio virem a público pra dizer que não entraram em leilão pelo jogador, pois entraram sim. Mas agiram em tempo de tornar o mico menor e arranhar menos suas gloriosas histórias.
A novela foi tão cheia de personagens ruins de atuação, que até o vice-presidente do Milan, o tal de Adriano Galliani, mostrou-se um completo fanfarrão, aproveitando-se do momento para destilar sua completa falta de trato com os assuntos da bola, como da história que liga o seu país ao nosso.
Galliani afirmou em sua desastrosa coletiva que torcia para que o jogador fosse para o “rossonero” Flamengo.
Oras, não sabe o pobre dirigente que a cidade de São Paulo é a 3ª maior cidade italiana no mundo? Certamente que não.
Não sabe esse senhor que nesse que é o maior pedaço da Itália fora da Velha Bota, o maior representante da cultura e da integração ítalo-brasileira chama-se Sociedade Esportiva Palmeiras e que isso é muito, mas muito mais representativo que qualquer combinação de cores em vermelho e preto?
Galliani e Assis contribuíram para que a imagem do excepcional jogador que ainda é Ronaldinho fique com um arranhão de difícil cicatrização.
Não vou ser leviano e mudar de opinião quanto ao jogador. Ainda acho que o clube que o contratar dará um salto fantástico de qualidade técnica. Acho o dentuço um dos maiores de todos os tempos e mesmo em baixa, ainda que jogue 20% do que pode, já é suficiente para fazer muito estrago por aqui.
Mas torná-lo maior que as instituições que, com suas histórias, com suas glórias, tornaram ao longo dos anos o futebol brasileiro no mais festejado do mundo é absurdo, é agir contra a própria história.
Palmeiras e Grêmio acordaram em tempo. Não que o Flamengo tenha que desistir agora. Até porque só sobrou ele no páreo. Se chegou até aqui, seria burrada ainda maior desistir agora.
Mas seria muito interessante se o glorioso rubro-negro carioca – e não italiano – fizesse como seus co-irmãos e deixassem Ronaldinho e Assis com o pires nas mãos, pedindo pelo amor de Deus para alguém lhe dar abrigo.
Os clubes deram o troco. Se foram iscas fáceis no joguinho sujo do Milan e da dupla Assis/Ronaldinho, agora dão o troco e deixam com eles a menor das propostas feitas pelo jogador.
Leia na íntegra a carta de Luiz Gonzaga Belluzo onde é anunciada a desistência do Palmeiras na contratação do meia:
"A Sociedade Esportiva Palmeiras informa aos 18 milhões de torcedores que, a partir desta data (9 de janeiro de 2011), desiste oficialmente da contratação do atleta Ronaldinho. Pela grandeza e história do nosso clube, e para esclarecimento aos seus milhões de torcedores, o Palmeiras manifesta que:
- As conversações com o irmão e empresário do atleta, o senhor Roberto de Assis, tiveram início no mês de junho de 2010;
- Nesse mês, foi apresentado o projeto para a vinda do atleta. Várias empresas se mostraram interessadas em participar e a partir daí iniciaram-se as negociações;
- Em julho, surge um fato novo. Ao contrário do que ocorria até aquele momento, o Milan resolveu não abrir mão dos direitos que tinha sobre o contrato do jogador, que venceria somente em junho de 2011, inviabilizando, assim, o negócio;
- Não obstante, durante esse período, o Palmeiras continuou mantendo conversações com o representante do atleta, o senhor Roberto de Assis;
- Em dezembro, nos foi informada a possibilidade da liberação do atleta sem o pagamento da multa. Até este momento, segundo o senhor Roberto de Assis, apenas o Palmeiras negociava com o atleta, o que nos deixava confiantes na vinda do jogador;
- Somente em meados de dezembro é que surgem então outros clubes interessados. A partir de então o representante do jogador começou a desenvolver negociações paralelas. O Palmeiras alertou o irmão do jogador sobre esses novos fatos e disse que não se envolveria nessa modalidade de negociação por considerá-la contrária aos padrões éticos de uma sociedade civilizada;
- Menos de uma semana após essa conversa, no dia 2 de janeiro o senhor Roberto de Assis fez uma contra proposta apresentada por ele como definitiva. O Palmeiras de imediato aceitou essa contra proposta . Tínhamos então a garantia da vinda do jogador;
- Qual não foi nossa surpresa ao ver pela imprensa que as negociações com outros clubes continuavam, apesar da palavra empenhada do senhor Roberto de Assis de que o jogador vestiria nossa camisa;
Por tudo isso, o Palmeiras faz questão de vir a público para enfatizar que jamais vai compactuar com esse tipo de comportamento.
O Palmeiras esclarece que desenvolveu um projeto com grandes empresas do mercado brasileiro e internacional, reunindo profissionais de reputação em uma ampla operação comercial e de marketing para viabilizar a vinda do jogador.
Todas as etapas para a conclusão do negócio, abrangendo salário, premiação, tempo de contrato e empresas envolvidas, foram solucionadas e acordadas com o empresário do atleta. Todas as cláusulas e valores pedidos pelo representante do atleta, neste período, foram 100% aceitas pelo Palmeiras e repassadas para a conclusão do negócio. As condições eram excepcionais, provavelmente as maiores do mercado brasileiro em todos os tempos. O empresário Assis afirmou ao Palmeiras que a transação estava fechada no dia 2 de janeiro.
Desde então, foram várias respostas evasivas e tentativas frustradas de contato. É necessário alertar a opinião pública que, em respeito à sua história, a seus torcedores e a seus parceiros, a Sociedade Esportiva Palmeiras trabalhou com a paciência necessária e com a dignidade exigida para conclusão dessa negociação.
Luiz Gonzaga Belluzzo
Presidente da Sociedade Esportiva Palmeiras
São Paulo, 9 de janeiro de 2011"