Texto: Beto Almeida
Foto: Bruno Miani/UOL
Eu já sabia! É o que todo mundo disse ao término do jogo entre Santos e Corinthians em que este mais uma vez ganhou daquele pra corroborar a freguesia e agravar a crise instalada na Vila Belmiro há uma semana.
Praqueles extraterrestres que habitam lugares distantes do mundo da bola eu conto a história: afinal de contas tenho uma cota de linhas para cumprir. E ela começa quarta-feira passada no jogo entre Santos e Atlético Goianiense onde o garoto Neymar – principal jogador peixeiro e incensado pela mídia esportiva como o novo Pelé e salvador do futebol brasileiro – ao ser preterido pelo técnico Dorival Júnior na cobrança de uma penalidade máxima passou a desancar colegas de equipe e o próprio chefe no meio do campo, tudo captado pelas atentas câmeras de TV em rede nacional e internacional, como deve ser.
Oras bolas, isto é o futebol, meus amigos, minhas amigas, qualquer tema, por mais irrelevante que seja, adquire proporções titânicas em jornais, revistas e programas de televisão, sem falar nos blogs, redes sociais e um tal de twitter, coisas modernosas de modernos, e causa-se o estardalhaço necessário para garantir a audiência, tiragem e visitação, ganha-se uns cobres com a publicidade e a indústria desportiva agradece, imprensa, clubes e o próprio jogador – que, apesar de ser chamado de monstro, não precisa se preocupar com a falta de grana pra pagar as contas.
Aí que o garoto foi punido com uma multa de 30% de seu (dele) salário e suspenso por um jogo, tudo isso acordado entre diretoria, técnico, jogador, seu (dele) pai e o empresário do jogador, figura que não pode faltar nessas horas – pois é pai, melhor amigo e guia espiritual dos guris com alto potencial de ganhar dinheiro.
Mas o acordo não foi combinado, o técnico Dorival Júnior achou por bem suspender o garoto no jogo de ontem contra o Corinthians também, coitado, foi mandado embora, simples assim, como toda demissão: seja de técnico, seja de peão.
Parece que vai treinar o São Paulo, nem fará parte das estatísticas de taxa de desemprego, bom para o país e principalmente pra ele – que levou uma boa grana de multa rescisória.
Coisa que não acontece com a maioria dos desempregados brasileiros, incluídos aí uma grande parcela de corinthianos diante do aparelho televisor para acompanhar o jogo de ontem, todos na expectativa de uma vitória praquela alegria no meio de tanta tristeza tirando um sarrinho do desempregado santista, este vai ter de dormir com a cabeça mais quente ainda, coitado.
Pois essa é a alegria do pobre e do rico, tripudiar da desgraça alheia, é fantástico: o freak-show da vida.
Pois o menino Neymar entrou em campo, trazendo com ele a responsabilidade de conduzir o time praiano à vitória, coisa que não aconteceu. Até que ele começou bem, uns dribles e tal, fizeram o primeiro gol aos 2 minutos, depois só deu Corinthians – que empatou numa grande jogada de Jucilei que deixou Iarley na cara do gol. Depois o Santos fez o segundo gol com Neymar pegando rebote, o Timão empatou, veio o segundo tempo e o Todo-Poderoso carimbou a virada com uma cabeçada de Paulo André num cruzamento de Danilo, o “Morto Muito Louco”. Foi isso, mais detalhes na coluna do colega Gregório Possa, escriba peixeiro pra azar dele.
Taí que o desempregado corinthiano atravessa mais um dia, sobreviveu e sorriu. Vai acordar amanhã com essa lembrança no pensamento, “tem coisas que fazem a gente seguir em frente”. O desempregado santista tem lá as coisas que também o fazem seguir em frente, mas hoje não se trata de futebol.
O fato é que o Corinthians tá jogando o fino, se continuar nessa toada leva o campeonato. Começou a ganhar fora de casa, algo que não vinha acontecendo. È que agora o alvinegro do Parque São Jorge parece ter achado o esquema de jogo ideal, o elenco qualificado permite muitas variações no esquema tático e o técnico Adilson Batista tá mandando muito bem, colocando o time pra frente.
O mais importante é que o ambiente interno parece muito bom, sem as panelinhas freqüentes que grassam nos vestiários. Isso faz toda a diferença. Nisso dou crédito ao Mano Menezes, ele sabe administrar vaidades. E olha que o Timão tem Ronaldo e Roberto Carlos, duas figuras emblemáticas do panteão de jogadores do futebol brasileiro.
Continua assim Timão, os corinthianos (desempregados ou não) agradecem.
Um comentário:
E Mais dois pontos somados graças a arbitragem, vamo logo entregar a faixa e acabar com isso !
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