29 de jun. de 2009

Algumas palavras sobre a Seleção


Um belo almoço em boa companhia, umas taças de vinho a mais e a bela vista em um Artacho Jurado no centro de São Paulo me impediram de assistir à final da Copa das Confederações “ao vivo”. Já conhecedor do resultado e da forma como ele foi construído, assisti ao VT no final da noite.

Mas não é exatamente sobre o jogo que pretendo escrever, mas sobre a seleção, em um contexto mais geral, e a relação da imprensa para com o escrete canarinho.

Dois comentários pós-jogo me chamaram a atenção. Primeiro: no Sportv um dos participantes do Troca de Passes (cujo nome, infelizmente, não vou me lembrar) disse que não vê a seleção brasileira sem Ronaldo e Ronaldinho Gaúcho.

Bom, eu não entendo muito bem o apego da imprensa a certos jogadores. Pelé deixou a seleção bem antes de deixar os campos. Zico idem. Garrincha idem. Com Leônidas provavelmente também foi assim.

Em tempos atuais a mídia cria essa mitologia em torno de certas figuras e é a primeira a ser tragada por essa tal mitologia. Não consigo compreender alguém contestando a ausência de Ronaldinho Gaúcho hoje no time brasileiro. Quanto a Ronaldo... bem, ele está no caminho. Mas não tiraria Luis Fabiano da equipe para colocá-lo em campo.

Porque fazê-lo? Porque o Fabuloso não faz propaganda de cerveja? Ou seria porque um jornal com sua imagem estampada tem tiragem menor do que o seria com a foto de um dos Ronaldos em destaque?

Outro comentário que me chamou atenção foi o de Flávio Prado no Mesa Redonda da TV Gazeta. Flávio Prado não gosta de Dunga e diz que “seleção, para ele, só importa em Copa do Mundo”... well well... talvez se a Seleção dirigida por Dunga não estivesse vencido a última Copa América, não estivesse em primeiro nas eliminatórias e não tivesse vencido Copa das Confederações as considerações do comentarista não seriam essas. É chato ver um desafeto tendo bons resultados. Ou será que se sustentaria o tal discurso de que “a seleção só importa na copa” se o resultado do primeiro tempo do jogo de ontem tivesse permanecido até o final da partida?

Não há como se contestar os resultados obtidos pelo time comandado por Dunga. O técnico teve peito de afastar os medalhões que nada vinham apresentando em campo, coisa que o Campeão Parreira não sustentou em 2006: tragado pela mitologia que a imprensa criou em torno de alguns jogadores, Parreira preferiu afundar com aquela seleção a promover mudanças. A grande maioria da imprensa, naquela ocasião, foi covarde. Alardeou o tal quadrado mágico e, depois do gol de Henry, deixou para a Parreira a pecha de cabeça-dura. Parreira cabeça-dura? Até hoje temos gente querendo a volta de Ronaldinho Gaúcho!

É certo que o time de Dunga não agradará a todos. Não conheço nenhuma seleção que o tenha feito. A que chegou mais perto disso, em todo tempo que acompanho futebol, foi a de 2006 – que contou, inclusive, com uma cobertura meio chapa-branca da imprensa em sua preparação para a Copa.

Talvez seja melhor assim: a imprensa jogando amendoim; o time se alimentando das críticas para produzir e ao final, com sorte, vencendo a Copa de 2010.

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